25 fevereiro, 2011

Me chamou a atenção


Hoje duas cenas me chamaram a atenção, aliás, me fizeram pensar e repensar sobre a vida. Nem sei direito o que passou na minha cabeça, só sei que essas cenas mexeram comigo, vi ali os extremos da vida.
Comecei um dia como outro qualquer, estava a caminho do trabalho, dentro do ônibus, quando ouvi o motorista, dizer “desce do ônibus agora, vá pegar outro na avenida” e a frase foi repetida por três vezes, até que eu olhei com quem ele falava.
Era um menino com no máximo 8 anos de idade. O menino desceu do ônibus e foi então esse momento que captou minha atenção.
Quando olhei pelo espelho, ele estava cabisbaixo encostado na calçada, tinha uma feição de um menino que precisava de atenção, segurava uma miniatura de carrinho na mão.
Essa é uma cena corriqueira em grandes cidades, pivetes espalhados pelas esquinas, e quem me vissem assim, diriam “deixa de ser besta é só um pivete”, mas esta cena me comoveu de tal maneira que comecei o dia com lágrimas nos olhos ao ver mais este filho do sistema, desse sistema falho que nos rege.
Mais tarde, bem mais tarde ao retornar do trabalho encontro uma velhinha, corcunda, tão curvada que mal dava pra ver seu rosto, andando com o suporte de uma bengala. Ela carregava sacolas de mercado e se deliciava com um picolé de chocolate.
Me comoveu ver uma senhora com tal idade fazendo compras e pegando ônibus sozinha, fiquei imaginando se esta teria uma família. Se sim, onde estavam que permitiam ela andar só e se não, o porquê?
Mas o que me chamou mesmo a atenção foi vê-la assim tão velhinha, tão sozinha e ao mesmo tempo curtindo se saboreando com aquele sorvete.
Pode ser coisa pouco ou até mesmo bobagem, mas o fato é que sinto meu coração doer quando vejo essas pessoas indefesas estarem na rua, tão vulneráveis a maldade humana.
Resolvi então escrever para assim eternizar esse meu coração mole, e espero nunca passar despercebida por essas pessoas, nunca deixar de sentir o que senti hoje, porque se isso um dia acontecer não serei mais eu e deixarei de ser Humana. 

Gisele Leite 25/02/11

2 comentários:

  1. "Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto."

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  2. Quem é muito humana sofre bastante... (Faz tempo que passei por aqui, você escreve muito bem!...)
    Beijos*

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